MIRELA
Eu sempre achei que prestar depoimento seria como nos filmes: sala pequena, cadeira desconfortável e um policial com cara de mau fazendo perguntas difíceis.
Mas não era nada assim.
Era pior.
A sala era fria, as paredes brancas, o cheiro de café velho misturado com desinfetante me enjoava. E o pior de tudo era encarar a verdade que eu evitava.
Rodrigo não era só o cara que tinha me sequestrado. Não era só meu ex-namorado surtado, carente e ciumento. Segundo o inspetor França, ele era suspeito de coisas que me deixaram sem ar.
— Temos denúncias antigas de agressão, uma investigação sobre estupro em andamento e um atropelamento que aconteceu há algumas semanas, um caso sério envolvendo um carro de luxo, sem placas visíveis. — A voz do policial era séria, dura. — Estamos juntando as provas, mas ele já tem um histórico pesado, Mirela. Não é um caso simples. Não é só você.
Meu corpo inteiro gelou. Eu piscava devagar, tentando absorver aquelas informações.
Rodrigo? Estupro? Atropela