Wanda Narrando
Eu cresci vendo a Norah apanhar. Eu também apanhava, mas com ela era diferente. era pior. Minha irmã não podia nem respirar mais alto que o nosso pai vinha pra cima. Eu era pequena, mas lembro da sensação de impotência, do medo que eu sentia só de ouvir o barulho dos passos dele no corredor. Norah odiava os dois, nosso pai e a nossa mãe, e por muito tempo eu achei que era só por causa das surras. Só por isso.
Quando ela saiu de casa, eu fiquei perdida. Ela se afastou completamente e o único contato que mantinha era comigo. Eu virei o novo saco de pancada do nosso pai. Ele tinha um bom emprego, ganhava bem, mas perdeu tudo por causa da bebida. Foi aí que eu precisei trabalhar cedo, porque senão a gente ia passar fome.
Sempre fui muito apegada à minha mãe. Ela nunca me bateu, sempre me tratou com cuidado, fazia curativo quando meu pai me machucava. E ela enfrentava ele, sim. Pelo menos na minha frente, ela enfrentava. Eu lembro dela dizendo:
— Agenor, já não basta a Nora