(Alessandro)
A entrada do hospital me causou um certo incômodo no peito. Eu já tinha passado por muitos lugares assim, mas ver Cauã ali, machucado, em recuperação, com metade do rosto coberto por marcas recentes e o olhar distante... era ruim demais.
Não precisei pedir informação. Já sabia exatamente onde ele estava. Subi direto para o quarto, cruzando os corredores com passos firmes. Quando abri a porta, vi Cauã deitado, os olhos semiabertos, e sua esposa sentada ao lado, com uma expressão cansada, mas cheia de carinho.
— Boa tarde — cumprimentei, tentando suavizar o tom da minha voz.
Ela sorriu gentilmente e se levantou.
— Boa tarde, Alessandro.
Me aproximei da cama, olhando para Cauã. Seus olhos encontraram os meus. Tinha lucidez ali, e também uma vontade enorme de falar... de se comunicar.
Toquei levemente seu ombro, e ele piscou lentamente. — Eu preciso te contar umas coisas, Cauã. Muita coisa aconteceu desde o seu acidente.
A esposa dele olhou para mim, talvez sentindo o peso