Dois dias se passaram desde que saí do hospital. Dois longos dias.
Recebi alta, sim, mas com uma porrada de recomendações médicas: repouso, medicação na hora certa, nada de esforço. Como se o peso que eu já estava carregando aqui dentro não fosse suficiente.
A mansão... parecia maior. Ou talvez só mais vazia.
Caminhei devagar pelo corredor. O corpo ainda doía, mas não era a dor física que me incomodava mais. Parei em frente à porta do quarto de Larissa e encostei a mão na maçaneta, depois de alguns segundos, girei devagar.
O cômodo estava em silêncio. Tudo como ela tinha deixado.
Me aproximei da penteadeira vendo o frasco de perfume ali em cima. Peguei e levei até o rosto, fechando os olhos antes de inspirar fundo.
Aquele cheiro…
Me transportou direto pro dia em que ela entrou aqui, encharcada da chuva, com os cabelos grudados na pele e o olhar assustado. Quando foi tomar banho e saiu com aquele perfume no corpo. Naquele dia… eu já a amava. Já sentia. Só fui burro demais pra entender.