122 - Alessandro.
A porta nem fez barulho de verdade, mas o olhar dela me atravessou como se fosse um estrondo. Ela estava parada ali, entre surpresa e desconforto, como se tivesse escutado algo que não devia. E escutou. Escutou tudo.
Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, minha mãe se virou na direção dela com aquela voz envenenada de sempre.
— O que você tá fazendo aqui?
Revirei os olhos, irritado.
— Mãe, chega.
Larissa pigarreou, sem jeito, segurando a alça da bolsa com força.
— Eu... fiquei sabendo que você tinha sido internado de novo. Eu só vim ver como você estava. Mas... posso voltar depois.
— Não — falei de imediato, quase desesperado. — Não vai embora.
Ela parou. Ficou ali, estática.
Virei o rosto pra minha mãe e falei baixo, mas firme:
— Você pode ir agora.
Rosa arregalou os olhos como se eu tivesse dado um tapa na cara dela.
— Tá me mandando embora?! Depois de tudo isso?! Depois do que você acabou de falar?! Eu preciso entender o que diabos tá acontecendo!
Fechei os olhos por um segundo