(Visão de Rafael)
Era domingo. Um daqueles dias em que o céu parece pesado, como se estivesse segurando a respiração junto comigo.
Estava parado na salinha da polícia, de braços abertos enquanto um dos agentes ajustava o grampo na minha camiseta e outro conferia pela milésima vez o colete por baixo do meu casaco. Aquele negócio pesava como um bloco de cimento, e mesmo assim parecia leve perto do que eu carregava na cabeça.
— Rafael, olha pra mim. — O policial mais velho, delegado Schmidt, segurou meu ombro, firme. — Não tenta ser herói. Chegando lá, mantém ele falando e nada de confrontar, ou de se aproximar demais. Deixa ele pensar que você tá sozinho. Nossas viaturas vão estar posicionadas. E quando for o momento certo, aparecemos. Entendeu?
— Entendi. — Minha voz saiu seca, mas não foi por desrespeito. Era medo mesmo, foco, raiva, tudo misturado.
Ele continuou:
— E lembra que o seu objetivo não é pegar ele. É sair vivo e a gente faz o resto. Você só segura a conversa. Olhe pros lad