Capítulo 9
No deslumbrante castelo, o som suave de violinos preenchia o ar. Pequenos pajens espalhavam pétalas de flores pelo corredor, enquanto convidados aplaudiam e sorriam. A cena era grandiosa e romântica, digna de um conto de fadas.

Quando Lorena chegou, exausta e com o coração pesado, viu Murilo ajoelhado em um dos joelhos, segurando um anel de noivado diante de Agatha.

— Agatha, você aceita se casar comigo? — Disse ele, com uma voz cheia de ternura e um olhar tão doce que poderia fazer qualquer um se perder nele.

Aquela cena trouxe à memória de Lorena o dia de três anos atrás, quando Murilo olhou para ela da mesma forma. Mas, naquela época, seus olhos estavam cheios de lágrimas de emoção.

Agatha usava um vestido de noiva deslumbrante, com uma longa cauda que refletia a luz, brilhando como estrelas. Com as bochechas coradas, ela estendeu a mão e respondeu:

— Eu aceito.

Lorena notou que o vestido que Agatha usava era quase idêntico ao que ela mesma havia usado em seu casamento. Em poucos dias, Murilo havia mandado fazer uma réplica perfeita.

As lembranças que Lorena guardava com tanto carinho, aquelas que significavam tanto para ela, agora pareciam nada aos olhos de Murilo. Para ele, qualquer mulher poderia ocupar o lugar de noiva.

As lágrimas escorreram pelo rosto de Lorena, e a sacola com os papéis do divórcio caiu de sua mão, fazendo um som abafado ao atingir o chão.

Ninguém notou o pequeno ruído. No meio dos aplausos e das palavras de felicitações, Murilo segurou Agatha pela cintura e inclinou-se para beijá-la.

Lorena não conseguiu mais suportar. Movida por um impulso incontrolável, ela correu em direção aos dois e gritou:

— Murilo!

Sua voz rouca quebrou o encanto da cena. O salão, antes cheio de alegria, mergulhou em um silêncio tão profundo que era possível ouvir um alfinete cair.

Murilo virou-se para ela, e uma expressão de pânico momentâneo passou por seus olhos. Instintivamente, ele afastou Agatha, mas logo assumiu uma postura fria e dura:

— O que você está fazendo aqui?

Lorena limpou as lágrimas do rosto e deu um sorriso amargo:

— Vim te parabenizar, e também... — Ela estendeu os papéis do divórcio. — Pedir que você assine isso.

Murilo soltou uma risada cínica:

— Eu já disse que vou assinar no sexto dia. Ainda não chegou a hora.

Lorena segurou a manga do paletó dele, quase implorando:

— Por favor, Murilo. Vamos acabar com isso agora. Só falta sua assinatura, não é tão difícil assim!

Seus olhos estavam vermelhos, e algumas mechas de cabelo grudavam em seu rosto pálido. Ela parecia uma boneca de porcelana prestes a se despedaçar.

Murilo ficou imóvel por alguns segundos, encarando-a intensamente. Mas, então, ele afastou sua mão com um movimento brusco e respondeu com frieza:

— Lorena, você acha que tem o direito de me impor condições?

Agatha, aproveitando o momento, agarrou o braço de Murilo e se aninhou nele, lançando um olhar triunfante para Lorena:

— Lorena, Murilo já deixou claro o prazo. Só faltam algumas horas. Por que você não pode esperar? É ciúmes porque ele me pediu em casamento?

Murilo passou a mão pelos cabelos de Agatha e respondeu em um tom gélido:

— Não perca seu tempo falando com ela.

O corpo de Lorena começou a tremer. Ela ergueu os olhos, que transbordavam de desespero, e disse:

— Murilo, hoje é realmente meu último dia. Eu não estou mentindo. Eu...

— Chega! — Gritou Murilo, interrompendo-a com um tom de voz que fez todos ao redor recuarem. — Quantas vezes eu já disse que essas mentiras são ridículas? Você diz que está morta. Cadê a prova? Mortos não pegam avião, Lorena! Se você continuar com essas histórias, eu vou te internar em uma clínica psiquiátrica. Assim, nunca mais teremos que nos ver!

As palavras dele foram como um golpe direto no coração de Lorena. Algo dentro dela se quebrou de vez. Ela arregalou os olhos e, com a voz rouca e cheia de dor, gritou:

— Murilo! Você acha divertido me torturar assim? Por que não pode me deixar em paz? Você me fez sentir como um lixo, algo que você joga de uma mão para a outra, mas nunca descarta de vez! Você disse que Agatha era só uma brincadeira. E agora? O que é isso, então? Por que você não consegue simplesmente me libertar...?

Enquanto falava, Lorena caiu no chão, chorando descontroladamente.

— Eu não estou mentindo. Naquela noite, eu fui esfaqueada dezessete vezes. Doeu tanto... tanto... — Sua voz foi enfraquecendo, enquanto ela abraçava os joelhos e soluçava.

Os olhos de Murilo ficaram vermelhos. Ele avançou de repente, segurando Lorena pelos braços e a levantando:

— Venha comigo!

Agatha tentou segurá-lo pelo braço, com os olhos cheios de lágrimas:

— Murilo, por favor, não vá!
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