Cap.05-O que será de Flora?

Quando Hanna ergueu o braço para golpear a noiva, Sâmia rapidamente segurou seu punho antes que a atingisse.

— O que diabos está acontecendo aqui? Consigo ouvir os gritos lá de baixo!

Um grito assustador fez com que todos ali paralisasse. A presença do patriarca já intimida todos na casa, quando se irrita, apenas piora a situação de quem ousar a atravessar seu caminho em seu momento de raiva.

— Não aconteceu nada, desculpa pelo transtorno, pai...

Quando Hanna viu Shene adentrar ao quarto feito furacão, logo tratou de fazer uma cena dramática.

— Estou farta disso, me arrependendo de ter nascido!

Cobriu o rosto com as mãos e começou a derramar falsas lagrimas.

— Não quero mais servir de tapete para Flora, pai...

As mulheres que presenciavam a cena ficaram espantadas com a presença de um homem ao quarto da noiva, especialmente com a mudança repentina de Hanna. Ela poderia ser uma atriz de novela.

Não demorou muito para começar as fofocas entre elas.

'O que aconteceu com essas meninas?'

'Não tenho certeza, mas, posso garantir que Flora foi muito esperta.'

'Se eu fosse tão bonita como Flora com certeza eu também iria conquistar o irmão do príncipe.’

‘A filha mais velha do senhor Sanches realmente é muito mais bonita que Hanna. Não me admira que o sheik tenha escolhido ela.’

As fofocas maldosas se espalhavam em meio ao caos. As mulheres não estavam ali por vontade própria, muito pelo contrário. A maioria invejava a vida de Flora e Hanna, dariam suas vidas para estarem no lugar delas e terem as mesmas oportunidades para terem uma vida digna e luxuosa.

— O que faz aqui, papa?

Embora a noiva fosse sua filha, Shene não costumava entrar no quarto de suas filhas sem a presença de Nádia. Porém, não demorou muito para a madrasta aparecer nos aposentos da enteada.

— Pai... Flora está tentando me envergonhar...

Hanna disse, entre soluços, enquanto Shene encarava às duas, atermando o olhar de uma para outra com um aspecto preocupante no rosto.

O suor escorria excessivamente pela face enrugada de Shene. Ele nem sequer dava ouvidos para o que sua filha mais nova dizia.

— Hanna, agora não é hora para isso, não me teste por favor.

O patriarca disse, com impaciência. Fazendo sua filha preferida, encolher os ombros instintivamente.

— Ela invadiu meu espaço para me insultar e me fez ameaças, papa!

Apesar de estar aflita, Flora se defendeu das acusações. Estava cansada de ter que abaixar a cabeça diante de seu pai sempre que Hanna a ameaçava em revelar seu segredo.

— Saiam todas!

Shene proferiu com os dentes cerrados. As criadas abaixaram seus olhares e se dispersaram dali rapidamente.

O respeito que as servas tinham pelo senhor Sànchez ia além do medo de serem castigadas por desobedecer a qualquer ordem dada pelo chefe.

— O quê?

Hanna prorrogou, sem acreditar no que acabara de ouvir.

— Não me faça perder a paciência, amuleto!

Esse era o apelido carinhoso que Shene havia dado à Hanna desde seu nascimento. Ela sempre foi mimada por ele e, muitas vezes, Shene esquecia de dar atenção a Flora.

A garota mimada saiu do quarto cabisbaixa, mantendo um aspecto de sofrimento após ouvir seu pai dizer seu apelido "amuleto". Ela sabia que seu protetor ainda estava ali, entretanto, era esperta o suficiente para prever que algo de muito ruim aconteceu, afinal, Shene sempre a tratou muito bem a menos que ela tivesse causado uma tempestade de areia.

— O que está sucedendo papa.

Flora começou a ficar preocupada, olhou para Nádia logo atrás de seu pai e depois para ele, sem entender nada.

— Aconteceu uma tragédia, Flora.

A mulher engoliu seco, segurou as laterais do vestido fortemente antes de perguntar, embora temesse a resposta.

— Estou ficando preocupada, fale de uma vez, papa.

Seu sexto sentido gritava por dentro, esmagando-a de dentro para fora. Flora ficou ainda mais nervosa quando percebeu um aspecto triste no rosto de Nádia, enquanto isso, Shane ainda não sabia como dar uma notícia tão devastadora a sua filha.

— Deixe comigo, habib.

Dado o estado crítico de Shene, Nádia assumiu a responsabilidade de dar a notícia para Flora.

— Seu noivo sofreu um acidente, ele está morto, Flora.

Flora mal conseguiu suportar o peso de seu corpo, seus joelhos cederam e ela caiu sentada sobre os calcanhares, sentindo uma dor latente perfurando seu peito.

— Oh, querida! Que allah tenha diminua seu sofrimento.

Shene ficou de joelhos e a abraçou solidariamente. Embora estivesse se sentindo mal pela filha, o astuto não parava de pensar nas possíveis e péssimas consequências que terá que lidar por conta da aliança que ele havia feito com a família do pai do noivo.

— Tariq! Você não pode me deixar sozinha!

Flora entrou em pânico, ignorou o abraço de Shene, levantou-se do chão e saiu gritando o nome de seu noivo pela casa, desejando profundamente que aquilo fosse apenas uma mentira.

— Para aonde vai, Flora? Venha aqui!

Sâmia correu atrás de Flora que parecia desorientada enquanto vasculhava a casa toda, gritando o nome ‘Tariq’.

Metade dos convidados estavam na vasta sala apenas aguardando a Flora ficar pronta para irem juntos onde iria acontecer o casamento, ao presenciarem o estado de Flora, todos ficaram assustados e sem saberem como proceder com a mulher.

— Onde você está, Tariq?

Flora chorava muito e, consequentemente, acabou caindo ao pisar na beirada do seu vestido de noiva, bateu fortemente a cabeça na parede de concreto, a pancada foi forte o suficiente para fazê-la perder a consciência instantaneamente.

— Flora?

Ela ainda pôde ouvir a voz de seu pai chamando-a, um pouco de sangue começou a escorrer pela sua testa devido o corte, um grupo de pessoas correram em direção à sala de jantar quando ouviram o estrondo de algo bater rigorosamente em algum lugar da sala.

— Me ajude a levá-la para o carro, rápido!

— Sim, ajudo, eu posso carregá-la sozinho!

Shene chamou o irmão de Nádia que estava mais próximo a ele, assim o fez. Flora logo foi levada para um hospital de emergência. Nádia e Hanna também foram com Shene.

Longos minutos se passaram, Shene, Nádia e Hanna aguardavam ansiosos por alguma notícia de Flora quando finalmente uma médica apareceu para dar notícias.

— Senhor Sànchez?

Shene soltou a mão de Nádia ficando rapidamente de pé, aflito. Hanna cruzou os dedos e desejou muito a morte de Flora, ela só queria ouvir a médica dizer ‘eu sinto muito, fizemos o melhor que podemos’. Hanna tinha um coração frio e maldoso, não parava de praguejar a irmã mentalmente.

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