Vitória White
Eu não conseguia acreditar na arrogância desse homem a ponto de puxar o celular da minha mão e falar como se estivesse comigo.
Ana e eu ficamos estagnadas no mesmo lugar, tentando entender a falta de educação, mas no fundo tenho certeza que ela também estava sentindo um certo sentimento de gratidão por ele nos ajudar com Yan.
- Yan Jones - Yan fala com um tom baixo, quase um sussurro.
- Bom já tirei sua dúvida, tenha uma boa tarde - Henrique fala, desligando na cara de Ian e me devolve o celular.
- Sem educação - falo com uma sobrancelha levantada.
- Não vai agradecer? - ele pergunta.
- Devo agradecer pela sua falta de educação? senhor Mendonça?
- Sinto muito pelo meu irmão - o homem de terno azul fala - prazer Arthur Mendonça e esse é o meu irmão Henrique Mendonça.
- Prazer, Vitória White e essa é minha irmã Ana White.
- Então os boatos eram verdade? O senhor Roberto saiu da presidência? - pergunto e Ana encara os dois.
- Sim, eu sou o novo presidente das indústrias Mendonça. - Henrique fala.
Olhei para Ana que me olhava em choque, provavelmente por eles terem ouvido as nossas conversas tanto com Lua quanto com Yan.
O elevador voltou a pegar, Ana e eu suspiramos pesadamente.
Assim que o elevador abriu, passei na frente deles e fui direto para minha sala, ao invés de ir para a sala de reuniões, Ana já previa meu surto e falou para o meu assistente e ele guiou os Mendonças para a sala de reunião.
- Eu mal o conheço e já não fui com a cara daquele homem - digo.
- Relaxa Vitória - ela fala e eu tenho vontade de bater nela.
- Ok, vamos ser profissionais - tirei o blazer ficando de saia e com a camisa de alça, fiz um coque no cabelo.
Sai da minha sala seguida pela Ana, passamos pela sala dela e paramos, entramos na sala e ela jogou a bolsa encima da mesa e nos direcionamos para a sala de reunião.
A porta estava entreaberta e ouvimos algo.
- Elas além de lindas, me parecem profissionais - Arthur fala e Henrique responde.
- Estamos aqui para sermos profissionais, o corpo delas não vai tirar minha atenção, mas também não me importo se tiver um pouco de diversão - Henrique falou.
Olhei para Ana que estava em choque.
- Com licença - digo entrando na sala sem bater.
Henrique me olhou de uma forma tão penetrante que quase me senti nua, o olhar dele foi dos meus olhos para a boca, depois para o meu decote e parou nos meus pés.
Arthur bateu no ombro do irmão e falou.
- Tem uma baba escorrendo aqui - e apontou para a boca do irmão, começando a rir. Ana sorriu e eu dei um tapa no braço dela.
- Tá muito palhaço né? Tá rindo de que? - Henrique pergunta.
O irmão dele dá de ombros e se senta, Henrique se senta em uma ponta e eu com ana na outra.
- Os dados informam que a ambas empresas cresceram depois do nosso acordo, faremos um baile beneficente, para festejar e ajudar um orfanato e uma outra instituição, alguma oposição?
- Nenhuma - Henrique diz.
Acho que Arthur e Ana estavam sentindo o clima pesado porque ambos fizeram caretas.
- Ótimo, o baile será em uma de nossas casas.
- Vou chamar o seu assistente - Ana fala já se levantando.
- Ok, eu só preciso do contrato.
- Ok - Ana fala.
Alguns minutos depois, ela volta acompanhada do Lucca, meu assistente.
- Assine por favor, neném - Lucca fala se referindo à mim.
Arthur e Henrique levantaram uma sobrancelha.
- No mínimo profissional - Henrique diz em tom de desprezo.
- Não que eu lhe deva alguma satisfação, mas Lucca era meu amigo muito antes de ser contratado pelo Rh, não sou o tipo que se relaciona com os próprios funcionários - falo e Henrique bufa - sempre fui profissional e é só por isso que eu estou aqui, porque eu fiz um acordo com o seu pai e é por ele que estou fazendo isso aqui - concluo e Ana ri de lado.
Os dois irmãos se entreolham.
- Ok - Henrique fala.
- Desculpe - Arthur fala, creio eu que completando a frase do irmão.
- Preciso de uma bebida - Ana fala.
- Nem me fale - digo com cara de tédio.
Lucca perguntou ainda na sala de reunião se tínhamos um par para o baile, ambas falamos que não, depois ele perguntou para os Mendonças e eles também falaram que não.
Seguimos com a reunião, já que tínhamos coisas pendentes para resolver.
(...)
- Aceita ir comigo ao baile Ana? - Arthur pergunta e Ana olha para mim. Antes que ela possa responder, o irmão dele fala.
- Você tinha me dito que ia com uma das suas fodas casuais, porque mudou de ideia? - Henrique pergunta.
- Cala a boca Batman - Arthur diz se referindo a Henrique e eu troco olhares com Ana.
-Batman? - perguntei surpresa.
- Longa história gatinha - Henrique fala com um sorriso brincalhão nos lábios.
- Eu aceito - Ana fala e eu olho para trás em choque.
- Enlouqueceu - digo com deboche e Arthur me olhou com cara de quem não entendeu.
- Vai com o Batman Vitória - ela fala e eu coloco a mão no peito ofendida.
- Prefiro ir sozinha - digo e Henrique se levanta.
Ana e Arthur estavam lado a lado, eu estava quase encostada na mesa, quando Henrique veio na minha direção me fazendo encostar na mesa e colocando um braço em cada lado do meu corpo, eu pude ver como os olhos dele são lindos, um cinza quase preto.
- Você está muito perto - sussurro para só ele ouvir.
- Essa era a minha intenção - ele sussurra de volta, me fazendo respirar pesadamente.
- Tem certeza que não quer ir ao evento comigo? - ele fala só que desta vez para que todos da sala ouçam.
- Já que eu não tenho com quem ir e você tá me pedindo de uma forma tão educada, eu vou com você - falo e ele sussurra no meu ouvido.
- Boa garota - é morde o lóbulo do meu ouvido, fazendo minha respiração acelerar consideravelmente.
(...)
- Estou exausta - digo para Ana assim que chegamos no meu apartamento.
- Nem me fale - Ana diz.
- O que foi aquilo na sala de reunião? - ela me pergunta, me fazendo engolir seco.
- Não foi nada, aquele sem educação que veio para cima de mim - falei.
- Eu vi a sua cara, qual é Vitória, fala a verdade - ela diz.
- Eu falei a verdade, ele é completamente sem educação e eu acabei de conhecer ele.
Falei, mas nem eu mesma acreditava nisso, ele não saía da minha cabeça depois daquele mínimo contato físico inesperado pelo menos por mim.
- O irmão dele deve ter gostado bastante de você, já que ele não tirava os olhos de você. - digo e ela me olha feio.
- Não vou cair no charme dos Mendonça - ela fala mas eu fico desconfiada.
- Fala sério, e o Yan? Ele não vai nem tão cedo desistir - digo.
- Então vamos fazer assim, não irei me envolver com o Arthur e você não vai se envolver com Henrique, nenhum tipo de contato físico, e em relação a Yan, darei um jeito de manter ele longe. - olho para ela com deboche e depois coloco a mão no peito como se tivesse levado um tiro.
- Famosa empata foda - digo e ela ri alto - mas eu aceito, não vou ter nenhum contato com ele, sem ser, o braço dele que eu vou precisar tocar quando for entrar no salão da festa - logo depois de falar isso eu ri.
- 60 mil dólares se você descumprir! - ela diz e eu fiz um "o" com a boca.
- 110 mil - eu falei e ela arregalou os olhos.
- Fechado - ela diz.
- Se eu ouvir falar de algum contato seu com ele, eu ganho - digo e sorri.
- O mesmo serve para você - ela fala e aponta um dedo para mim.
Ana e eu tínhamos o costume de fazer apostas, ela sempre perdia, mas algo dentro de mim, indicava que eu perderia desta vez.