Quando a noite de sábado chegou, Franklin resolveu que ia andar de carro sozinho pela cidade, queria pensar um pouco, tentar entender o que estava acontecendo, precisava ficar sozinho com seus pensamentos. Depois de andar algum tempo parou em um bar, queria beber algo forte, sentou-se no balcão e pediu um whisky.
Estava ciente dos olhares cobiçosos das mulheres ao seu redor, e até mesmo de alguns homens, uns com admiração, outros com ciúmes, por ver suas mulheres cobiçando outro homem.
Uma morena de corpo escultural sentou-se ao seu lado, sugestivamente perto.
_O que uma mulher precisa fazer para que um cavalheiro lhe pague uma bebida neste lugar?
Franklin olhou a moça e pensou que poderia ser uma noite divertida, não havia porque evitar.
Chamou o garçom e pediu uma bebida para ela. Logo, estavam conversando animadamente, e ela estava com a mão na sua perna.
Seu nome era Annie, e era uma estudante de direito recém chegada na cidade.
Foram para um motel próximo do bar, Annie era adorável e muito linda, mas Franklin não estava muito animado.
Tomaram champanhe, e quando as coisas estavam esquentando, Franklin lembrou-se de Mía e esfriou instantaneamente.
Annie percebeu a mudança.
_Precisa de mais uma bebida? _Perguntou ela, esperando que fosse só um pequeno mal estar, pois não queria perder uma noite deliciosa, com aquele homem maravilhoso.Mas Franklin levantou-se e começou a abotoar a camisa.
_Desculpe Annie, não vou poder ficar, tenho um compromisso muito importante agora. Mas, se você me der seu telefone, lhe ligo para sairmos outro dia.
Muito desconcertada, a moça anotou seu número em um pedaço de papel e lhe entregou, Franklin deixou uma noite inteira paga e dinheiro para o táxi e partiu.
Antes de entrar em seu carro jogou o papel que Annie havia lhe dado num lixeiro.
Andou por bastante tempo, vagando sem rumo. Não acreditava que tinha acabado de dispensar uma mulher tão linda! Estava indignado consigo, quando estacionou numa rua conhecida.
Olhou ao redor e percebeu que tinha ido inconscientemente até a frente da casa de Mía.
Ficou alguns momentos refletindo sobre os acontecimentos daquela noite, e quando ia partir, viu Mía saindo de um carro esportivo de luxo. Sorrindo muito para o motorista.
Mas...espere um pouco! Franklin conhecia o motorista! Era Taylor Miller, filho de Julian Miller!
Franklin fazia muitos negócios com Julian, que era um homem muito honrado e importante no meio empresarial, também era muito rico!
_Então quer dizer que a garota é do tipo que fisga herdeiros! _Pensou, decepcionado.
Ele não conhecia intimamente os filhos de Julian Miller, mas sabia que o mais velho, Trevis, tinha uma péssima reputação, e já tinha sido preso com drogas.
Do mais novo não sabia nada, mas dada a conduta de Trevis, já podia ter uma idéia de como seria Taylor.
Franklin estava muito irritado com a cena que via, e constatou incrédulo, que estava com ciúmes de Mía!
_Droga!_Exclamou, dando um soco no volante, mas, para seu desespero, acertou a buzina, e no mesmo momento Mía olhou diretamente para ele.
Não podia acreditar que tinha sido tão estúpido! Resolveu fingir que tinha buzinado de propósito para tentar remediar a situação patética em que se meteu.
Mía acenou mais uma vez para Taylor, que já estava saindo, e dirigiu-se para o carro de Franklin. Quando se aproximou, a brisa da noite soprou seu perfume, e Franklin ficou excitado imediatamente.
_Boa noite Sr. Carther, que surpresa vê-lo aqui! Posso ajudar em algo?_Ela não estava entendendo o que seu futuro chefe fazia em frente à sua casa, num sábado à meia noite.
Franklin estava em apuros, e gaguejou a primeira coisa que lhe passou na cabeça.
_Boa noite Srta Martínez, desculpe incomodá-la a essa hora, só...só passei para buscar meu paletó! _Só depois que ouviu as próprias palavras, percebeu o quanto aquilo era ridículo!
Mía estava totalmente incrédula!
“Esse homem é mais estranho do que eu imaginava!” Pensou.
_Ah! Claro! Eu ia devolvê-lo ao senhor na segunda-feira em seu escritório, mas por sorte, já voltou da lavanderia, vou buscá-lo, volto num instante._Disse, girando nos calcanhares.
Enquanto a moça caminhava em direção à casa, Franklin pode dar uma olhada com mais atenção.
Ela usava um vestido fresco, azul claro, de seda, que caia como uma luva em seu corpo perfeito, e contrastava com a cor morena da sua pele. Cabelos semi presos na nuca, deixando algumas mechas soltas, emoldurando seu rosto delicado.
Ela estava realmente exuberante! Imaginou Mía beijando Taylor e fez uma careta.
“Eu só posso estar maluco!” Pensou. “Estou com ciúmes de uma moça que vi apenas uma vez e ainda me insultou!”
Mía voltou com o casaco e lhe entregou, Franklin perguntou sobre seu ferimento, mais para puxar assunto, do que por preocupação.
_Já está melhor, obrigada! Na verdade não doeu muito!_Disse Mía.
_Srta Martínez, permita-me ser educado e lhe pagar uma bebida, naquele dia estava muito nervoso com coisas do trabalho, e receio que não começamos bem. Seria bom que mudássemos isso, já que vai ser minha assistente pessoal.
_Sr. Carther, não sei se é de bom tom a funcionária sair para beber com o patrão!_Mía ainda não estava entendendo aquela situação.
_Vamos considerar uma reunião de negócios então, e técnicamente, a Srta ainda não é minha funcionária!
Relutante, Mía entrou no Bentley preto, se perguntando se estava fazendo a coisa certa.