Quando os Muros Começam a Cair
O vento daquela manhã soprava diferente. Havia no ar um frescor tímido, como se até a natureza percebesse que algo começava a mudar.
Lara atravessava o corredor da casa principal com os cabelos soltos, carregando uma pasta com as primeiras avaliações terapêuticas das crianças.
À medida que o centro começava a operar em caráter experimental, os resultados apareciam:
Sorrisos.
Palavras.
Olhares que antes se escondiam.
Ela parou diante da porta do quarto de Gabriel. O menino dormia profundamente, abraçado ao seu travesseiro azul. Lara o observou com ternura.
Ele ainda tinha noites difíceis, pesadelos que o faziam se encolher.
Mas, ao longo dos dias, aqueles terrores foram sendo silenciados pelo toque de um cavalo dócil, pelo carinho de Josué, pelo calor daquela fazenda que se transformava em lar.
Na varanda, Josué lia um jornal antigo. Clara preparava chá de camomila na cozinha, cantarolando uma canção que ela dizia ter sido sucesso em sua juventude.