Entre Dor e Esperança
O corredor do hospital de Versalhes tinha um silêncio incômodo. As portas de vidro, separadas por painéis brancos, refletiam a luz fria das lâmpadas fluorescentes.
Lara permaneceu parada em frente ao quarto 312, as mãos apertando a alça da bolsa com força. Dentro, Gabriel jazia na cama pediátrica, com termômetro na axila e soro preso ao braço frágil.
Ela recordou a última vez que o vira:
O desespero nos olhos dele quando entrara no carro de Raquel, o choro que implorava para ficar, o soluço preso na garganta. Desde então, a única voz que ouvira fora a do filho chamando-a às escondidas, em vídeos curtos e tremidos, roubados por Anne, a professora que se transformara em sua aliada.
— Mamãe...Sussurrou Gabriel ao ouvi-la abrir a porta.
Seus pés moveram-se sozinhos. Ela entrou, os passos ecoando, e encontrou Gabriel pálido sob o cobertor azul. O cabelo desalinhado, as bochechas marcadas pelo choro.
Ele ergueu o braço, apontando para a mesinha de cabeceira