Artur entrou silencioso no quarto, como tem feito nas últimas noites. Ele respeita meu luto, minha dor, mas não se distancia.
É como se dissesse:
“Estou aqui, mesmo que você ainda não saiba como usar meu apoio.”
— Alguma notícia? Ele pergunta com a voz baixa, temendo a resposta.
Faço que sim com a cabeça, sem encará-lo. Mostro o áudio. Artur escuta com o maxilar tenso. Quando acaba, a raiva transparece em cada linha do seu rosto.
— Isso não vai ficar assim. Ele se afasta e começa a digitar algo furiosamente no celular.
— Já acionamos o juiz. Temos provas. E eu também tenho contatos na embaixada.
Eu o observo, dividida entre gratidão e medo. Já acreditei antes que a justiça funcionaria.
Já confiei. Mas Ronaldo é influente. Raquel sabe manipular.
— Artur... e se eu nunca mais conseguir trazer Gabriel de volta? Minha voz sai fraca, quase infantil.
— E se ele crescer achando que eu o abandonei?
Ele para tudo e se aproxima. Segura meu rosto entre as mãos e me obriga a encar