AZRAEL
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A madrugada parecia interminável. Eu me sentei em um canto qualquer, encostado em uma parede velha e úmida, sentindo o mundo ao meu redor se apagar lentamente.
As ruas, antes repletas de passos apressados e murmúrios, foram sendo tomadas por um silêncio quase opressor. Era como se o mundo inteiro tivesse se recolhido para o conforto de suas casas, enquanto eu permanecia sozinho, em um lugar que não reconhecia, lutando contra uma fome que parecia ser a única coisa que me conectava à realidade, fome essa que não passou com o pão e a maçã.
Os poucos transeuntes que ainda vagavam pela noite me ignoravam completamente. Meu estômago roncava, mas não era apenas a fome física que me consumia; era algo maior, uma ausência que eu não conseguia nomear.
A sensação de perda me sufocava, como se houvesse um vazio em minha alma que eu não sabia como preencher.
Olhei para o céu, esperando encontrar algum tipo de resposta nas estrelas, mas elas brilhavam indiferentes, distantes, inalcanç