Uma senhora sentada ao canto

A madrugada em Belmonte era quieta, abafada e escura. O tipo de silêncio que fazia os passos parecerem mais altos do que realmente eram. Melody acordou antes do primeiro galo, movida por uma inquietação que não permitia espera. Duncan dormia profundamente. Ainda que a cama fosse dividida, o mundo dos sonhos era o único território em que estavam completamente separados.

Com cuidado, ela se levantou, calçou os sapatos de tecido e puxou um xale pelos ombros. O lençol da divisória ainda pendia frouxo, mas não havia mais barreiras entre o que ela queria e o que precisava fazer. Abriu a porta devagar e saiu pelo corredor vazio.

A cozinha do hotel era simples, mas bem equipada. Melody se esgueirou pelo vão da porta dos fundos e entrou com movimentos calculados. Havia cinzas frescas no fogão a lenha, ainda mornas. Recolheu um punhado em uma pequena tigela de ferro. Depois, abriu os armários com delicadeza, procurando o que precisava. Trigo. Água. Um pouco de sal. Em poucos minutos, misturava
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