A casa estava quieta. Não o silêncio do medo — mas aquele outro, mais raro: o do fim de um dia que deu certo.
Rose dormia. Ida recolhia os últimos talheres. Duncan estava na varanda e Melody secava a louça com um gesto automático, como se ainda quisesse prolongar o instante em que tudo parecia simples. O pano úmido deslizava sobre os pratos como um feitiço bobo contra o fim da noite. O calor da cozinha ainda pairava no ar, misturado ao cheiro do bolo e da carne bem temperada. A toalha da mesa ainda estava esticada, com algumas migalhas esquecidas, como testemunhas silenciosas de um raro momento de paz.
Foi quando Ida pegou algumas margaridas da jarra. As flores já murchavam um pouco, mas ainda tinham certo charme. Sem cerimônia, ela as colocou entre as páginas de um livro antigo de capa de tecido, meio desbotado nas bordas, era um livro de historias infantis.
— Toma. Guarda isso junto da manta da Rose. Vai ser bom pra ela um dia lembrar desse jantar.
Melody pegou o livro com as duas