A noite caiu abafada, como um cobertor grosso demais para a estação. O vapor do banho ainda pairava pelo quarto, preso entre as cortinas fechadas e as paredes calmas demais para serem confiáveis.
Depois de tantos dias expostos ao frio cortante das madrugadas, o calor ali dentro era sufocante. O contraste deixava tudo mais difícil de suportar — o suor lento na pele, os tecidos colando, a sensação de que o ar pesava mais do que devia.
Melody havia se deitado de lado na cama, as costas voltadas para a sala, o vestido velho colando em pontos úmidos da pele. O lençol não ajudava — quente, pesado, inútil. Mas ela não ousava tirar. Duncan estava ali. Em algum canto. Em silêncio. Dormindo. Ou fingindo.
Ele havia deixado a banheira pouco depois da conversa. Secou-se, enrolou o cobertor e foi se ajeitar no chão, como prometido. Um canto perto da porta, onde o piso era menos inclinado. Nada demais. Só que o som dele se ajeitando, a respiração lenta, a presença... era tudo demais.
O silêncio era