203. UMA MULHER POBRE

NARRADORA

— Filho, vai com o vovô ali na frente, a mamãe já volta.

A mulher disse ao menino, ajudando-o a se levantar e limpando as lágrimas com as mãos sujas, forçando um sorriso falso para acalmá-lo — um sorriso que, na verdade, partia o coração.

Por manter seu filhote vivo, ela faria qualquer coisa.

Por um pedaço de pão duro e um pouco de água para sobreviver, deitaria com aquele nojento desprezível.

— Não, não quero, não mamãe, aquela mulher foi embora e nunca voltou! — o filhote começou a gritar, tentando se agarrar a ela de novo, lembrando da mulher que ficava ao seu lado e que, no dia anterior, outro guarda tinha levado quase arrastada. Nunca mais apareceu.

— Vai, vai, eu vou ficar bem, vai… — ela o empurrava desesperada para os braços do ancião mais próximo, com medo de que o espancassem.

— Cala a boca, pirralho! — a paciência do brutamontes de pelo castanho-avermelhado estava se esgotando e ele já levantava a mão para dar uma boa surra naquele fedelho.

Tanto drama só pra fode
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