— Omar, não é o que você está pensando… — tentei dizer, mas ele me interrompeu com um seco:
— Eu começo.
As palavras saíram da boca dele carregadas de arrogância, tão ásperas que me subiram pelos nervos. Eu sabia que tinha minha parcela de culpa, ou pelo menos uma parte da responsabilidade por tudo o que estava acontecendo. Mas escutar cada palavra dele, da forma dura e autoritária que sempre usava, sem reagir… isso não fazia parte de mim. Ficar calada não era opção.
— Daphne. — Ele falou meu nome, e aquilo me puxou de volta à realidade, arrancando-me dos pensamentos que tentavam me proteger da tensão no ar.
Eu levantei os olhos. Ele estava à minha frente, bloqueando a visão do painel de botões, como se quisesse me impedir de ter qualquer controle sobre aquela situação. Meu corpo inteiro sentia o aperto daquele espaço pequeno, suspenso entre andares. A mente, por um segundo, viajou para possibilidades absurdas: e se algo desse errado? E se ficássemos presos para sempre aqui?
Respirei