Narrado por Mia Walker
O vento frio cortava minha pele como uma lâmina sutil enquanto eu atravessava o jardim silencioso, os passos contidos entre as sombras. A mansão dormia, mas algo dentro de mim pulsava acordado, faminto, desconfiado. O bilhete ainda queimava entre meus dedos, mesmo que eu já tivesse decorado cada palavra. "Se você quiser sair viva, esteja na estufa à meia-noite. Sozinha."
Meu coração batia descompassado, não só pelo medo, mas pela certeza de que, dali em diante, nada mais voltaria a ser o mesmo. A estufa se ergueu à minha frente como um relicário de segredos. Empurrei a porta de vidro, que rangeu baixinho, e fui engolida pelo cheiro denso de terra úmida, flores e alguma coisa mais sombria.
Mateo estava lá. Encostado em uma bancada de madeira, mãos nos bolsos, o olhar fixo em mim como se já esperasse a minha hesitação.
— Achei que não viria — ele disse com aquela voz morna que nunca combinava com o perigo que exalava.
— Quem escreveu o bilhete? Foi você?
— Import