Narrado por Mikhail Petrov
A neve caía sem pressa, mas havia uma urgência no meu peito que não me deixava respirar direito. O tipo de urgência que só quem tem algo a perder reconhece. E eu, depois de tantos anos negando isso, começava a aceitar que Mia era exatamente isso. Um ponto fraco. Um ponto vivo.
Do gabinete, eu observava a paisagem se apagar em branco. A floresta em volta da mansão parecia distante, silenciosa demais, e ao mesmo tempo... carregada. Como se houvesse olhos no meio da neblina. Não era paranoia. Era instinto. E instinto é algo que nunca me traiu.
Mas ali dentro, sentado à frente de Nikita, eu sabia que o maior perigo não estava fora daquelas paredes. Estava dentro de mim.
Ela cruzava as pernas, impecável como sempre, com aquela calma irritante de quem sabe demais e sente de menos. Os olhos dela eram frios, mas não vazios. Nikita carregava a sabedoria do submundo. Do que não se fala, mas se executa.
— Está muito pensativo, Petrov — disse, sem ironia, apenas observa