“Ela tá certa,” pensou, recordando as palavras de Elana: “Você é casado, Gabriel.” A convicção na voz dela, a forma como fugira, deixando-o na calçada, o fizeram perceber o quanto aquele momento a abalara.
Mas, para Gabriel, o beijo não fora apenas um erro impulsivo; era a prova de algo que nunca deixara de existir. Ele não podia mais ignorar o que sentia por Elana, não depois de tocar a possibilidade de algo real. Precisava conversar com ela, expor o que estava guardado há 15 anos, mesmo que isso significasse arriscar tudo. Não era justo com Elana, com Giana, nem com ele mesmo continuar fugindo da verdade.
Gabriel voltou à mesa, pegando o celular e ignorando as notificações de Giana. Verificou a agenda e não havia nenhum compromisso importante na editora naquela tarde. A decisão veio como um impulso, mas com uma clareza que ele não sentia há semanas. Não podia deixar as coisas como estavam, com Elana achando que o beijo fora um erro unilateral, com ele preso a um casamento que não