Três dias haviam se passado desde a festa, e Elana sentia o peso de cada um deles como uma corrente invisível. A culpa pelo beijo com Gabriel ainda a perseguia. Ela evitara mensagens da editora, temendo que qualquer menção a Gabriel — ou pior, um encontro com ele — reacendesse a tempestade que mal conseguia conter.
O livro, que outrora fluía como uma extensão de sua alma, agora parecia distante, as palavras escapando como areia entre os dedos.
A casa estava silenciosa, exceto pelo som suave do rádio na sala, onde sua mãe cantarolava uma música antiga enquanto arrumava as plantas. Elana encarava o caderno, a caneta imóvel em sua mão, as ideias para o próximo capítulo se dissolvendo antes que pudesse capturá-las. Cada tentativa de escrever trazia de volta a imagem de Gabriel; seus olhos, o calor de seus lábios, a dor de saber que ele pertencia a Giana.
O texto febril que escrevera na noite da festa, após o sonho, permanecia intocado no computador, uma confissão que ela não ousava re