Valentina Duarte
Cheguei em casa pisando firme, com o sangue fervendo de raiva. A porta bateu atrás de mim com força, ecoando pelo apartamento como um grito. Estava enfurecida — com a Helena, por estar no meu lugar; comigo mesma, por ter sido tão cega e arrogante; e principalmente com a nossa mãe, ela que me fez ser a mulher medíocre que sou.
A mulher estava sentada na poltrona, tomando seu chá como se nada tivesse acontecido. Mas bastou me ver com a expressão transtornada para erguer uma sobrancelha.
— Onde você foi? — perguntou, em tom frio.
— Atrás do Davi — disparei, sem paciência. — Mas acontece que a sua filha já chegou primeiro.
Ela franziu o cenho, baixando a xícara lentamente.
— Como assim?
— Helena está com ele. Disse que trabalha na empresa dele, mas tenho certeza que tem algo a mais entre eles. Ela tá se aproveitando da situação, querendo subir na vida... Como sempre fez!
Antes que eu pudesse continuar o surto, senti um estalo forte no lado do rosto. A bofetada me pegou t