Eu não deveria ter feito aquilo. Não deveria ter me deixado levar. A intenção era apenas lhe pregar um susto, mas quando meus lábios tocaram os dela, tudo desmoronou. O beijo foi avassalador, quente, voraz. Por um instante, não existia máfia, não existia Lívia, não existia nada além de Helena.
Ela se abriu para mim, e eu mergulhei naquele beijo como um homem faminto. Quando suas pernas se enroscaram nos meus quadris e senti a fricção de nossos corpos, percebi que estava prestes a perder o controle.
— Caralho... — murmurei, levantando de cima dela antes que fosse tarde demais. Corri para o banheiro, abri o chuveiro e deixei a água gelada despencar sobre mim. O choque percorreu cada célula do meu corpo, tentando apagar o fogo que me consumia até a alma. Encostei as mãos na parede, respirando pesado. Eu era o Dom agora, deveria ser firme, implacável. Mas ali, debaixo da água, me sentia apenas um homem dividido.
Na manhã seguinte, saí cedo para trabalhar, deixando Helena dormindo.