Fuja

Travis pergunta.

Sério?

Eu nunca vou livrar-me deles?

Desligo o alarme do meu carro, Lidy abre a porta e guarda todos os meus pertences.

Viro o meu corpo para ficar de frente com eles, Travis, Cage, Kyle, mostram muito interesse em saber o que o professor queria, mas isso não é assunto deles.

- Responda-me.

Travis diz, pega o meu braço e a porta do carro, sua expressão é muito clara, ele vai machucar meu braço se eu não for a responder a sua pergunta.

- Sinceramente, por hoje vocês abriram o livro da história por agredir-me, mais uma agressão não muda nada.

Eu digo encolhendo os ombros, tanto faz porra.

- Eu só quero saber o que ele queria.

Travis insiste com o assunto.

- Teria perguntado sutilmente, mas, duvido que saiba o que é ser sútil.

Eu digo empurrando seu aperto no meu braço, fazendo com que ele solte-me, entro no carro e bato a porta na sua cara.

Lidy dirige o meu carro em silêncio, a primeira parada é numa lavandaria para deixar a camisa do Travis, antes que eu mude de ideia e queime sua camisa.

Depois disso, ela leva-me até o meu local de trabalho, preciso avisar ao patronato sobre as minhas condições temporais.

- Eu vou levar algumas roupas na minha casa, volto mais tarde.

Ela diz saindo do meu apartamento, respiro aliviada por ela ter feito essa pausa para sair, sem mais fingimentos, levanto-me da cama rapidamente, procurando por minhas armas e facas.

Pelo que percebo, Lidy vai se instalar aqui aos poucos, isso significa pouca privacidade e por fim esconder coisas que ela não pode descobrir sobre mim.

Estou acostumada a lidar com dores, minha vida toda foi assim, ossos quebrados, carne perfurada e muito maus bocados, passar a minha adolescência fugindo de um lado ao outro deu-me mais resistência, minto e finjo com muita facilidade, se eu quiser sobreviver neste mundo cruel, eu preciso ser mais cruel que todos.

Eles não precisam saber.

Minha carne suporta qualquer tortura.

Eles não precisam saber disso.

Encho a banheira de gelo, tiro todas as minhas roupas, temperatura abaixo de 0 graus entro na banheira mergulhando todo o meu corpo, deixando apenas lembranças dominarem a minha mente.

Eu sei, eu sei, eles precisam sair, eles precisam sair.

~~Memorias ~~

Fuja.

Viro minha cabeça procurando pela protagonista dessa palavra, no entanto, apenas vejo uma sombra vagando no chão, meus batimentos cardíacos pulsam a mil, fecho os meus olhos aceitando a morte.

Quando abro os olhos, descubro que estou no meio da floresta, cães latindo a todo vapor, pessoas gritando para achá-la, vejo uma versão minha correndo, correndo incansavelmente com uma faca na mão, seu rosto está coberto de sangue, pés descalços.

Ela corre, corre mais rápido que pode, no penhasco, ela salta do alto para o mar bruto, em seguida, vejo muitos homens armados irritados pelo seu fracasso, ela era mais importante que imaginavam.

O cenário muda, não estou mais na floresta.

Estou numa bela casa, eu tenho um pai e uma mãe amorosa, quando de repente vejo fogo tomar conta da toda casa.

Corra.

Corra.

Meus pés foram bloqueados, eu não consigo me mexer, grito desesperadamente por socorro, o fogo toma conta da minha carne.

Meus batimentos estão acelerados, o cenário mudou novamente, neste momento, estou no hospital, eu não sei como sai daquela casa, como eu vim parar num hospital?

- Como ela está?

Vejo um homem, um homem que não consigo ver o seu rosto, ele é grande.

- Ela tem queimaduras do terceiro grau.

- Vai sobreviver?

O homem grande pergunta.

- Muitas cirurgias, sim.

- Salve-a, ela merece viver.

- O que dirá para ela?

- Nada, limpe a sua memória.

- Ela não lembrará do senhor.

- Melhor assim.

O cenário muda novamente, agora eu estou em frente a um berço, um berço lindo.

Nele, tem um bebê, um bebê lindo, dormi suavemente, suas roupas rosas destacam o lugar.

Mas um homem, um homem grande entra pela janela, pega o pequeno bebê e some do meu campo de visão, eu não consigo gritar, ele roubou uma criança, tirou uma criança da família.

De repente, eu sou eu, com uma faca na mão, uma faca na mão coberto de muito sangue.

Eu sinto meu coração parar de bater.

Eu fui atingida.

-Penny?

- Meu Deus.

Eu fui atingida.

Morta

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