Não me olha assim...
Jaqueline
A cada frase do Alexandre, mesmo em meio a dor e a vergonha, eu sentia que as feridas deixadas por anos de comparações, silêncios e acusações finalmente começavam a cicatrizar. Pela primeira vez, alguém se colocava diante da tempestade que era Aline. Não para atacá-la com a mesma raiva, mas para me proteger com firmeza, clareza e afeto.
Desde criança, eu tentava compreender a raiz daquele desprezo velado que eu recebia da minha irmã. Acreditei por muito tempo que era apenas ciúme natural de irmãos, mas com o tempo percebi que havia algo mais profundo e doloroso por trás daquele olhar sempre crítico. Aline nunca aceitava meus sorrisos fáceis, minhas palavras doces, nem a forma leve como eu encontrava alegria nas pequenas coisas. Reagia a minha felicidade como uma afronta.
E agora, na ligação em vídeo que deveria ser um momento de conexão familiar, tudo desabou. Sem filtros, sem máscaras. Muitos embates eu contornava na ausência e na presença dos meus pais ignorando suas falas