— Aqui, essa é a fotografia que vai para a revista — disse o fotógrafo, mostrando a imagem — posso ter o contato de um de vocês para enviar uma cópia? — Ele pediu.
— Ah, sim. Eu passo — respondeu Luigi, passando um cartão da sua oficina para o homem que sorria, simpático.
— Eu posso passar também, aliás, se você quiser posso ser até modelo — Ana, como sempre, não perdeu a chance de chamar a atenção.
— E você, não quer ser modelo também, olhos azuis? — O Fotógrafo perguntou, com os olhos fixos em mim.
— Eu? Não, não sirvo para essa profissão — respondi, estava muito surpresa com sua pergunta, eu sempre tive minha autoestima baixa.
— Engano seu, você é linda e tem estatura, você se sairia muito bem — sorriu, confiante demais que estava certo, reação que deixou meus amigos animados.
— Olha, Bela, que chance, você seria muito famosa e finalmente vai poder sair dessa cidade — Ana se empolgou com a ideia de eu me tornar modelo.
— Até parece, Ana, eu, Isabela Silva, modelo? É pra rir, né.
— É verdade, Bela, você é muito gata, a mulher mais linda desta cidade, eu compro todas as revistas que você sair na capa — O Luigi também incentivou.
— Obrigada, senhor fotógrafo, de verdade, mas eu realmente tenho outros planos — recusei a oferta.
Após a conversa com o fotógrafo, seguimos para a área do show, que estava muito divertido. Músicas dos Racionais, Skank e Eduardo Costa.
Ana não se conteve e bebeu além da conta, depois saiu aos beijos com um desconhecido e sumiu no meio da multidão, eu e Luigi tivemos que sair à sua procura.
— Bela, você vai para este lado e eu vou para o outro, quem encontrar ela primeiro liga para avisar — disse Luigi, depois de reclamar por cinquenta minutos sem parar do comportamento inconsequente da Ana.
— Ok — concordei e fomos cada um para um lado.
Quando eu passava em frente à área dos camarotes reservados aos convidados figurões, acabei esbarrando em um homem.
— Desculpe-me senhor, eu não o vi — pedi e olhei o homem, que me olhava paralisado, pálido.
— Você ... Você ... — Ele tentava falar, mas parecia estar assustado, tendo um ataque cardíaco… sei lá.
— O senhor está bem? Eu o machuquei? — segurei seu braço com uma mão, para impedi-lo de cair e o sacudi com a outra, chamando sua atenção.
Após alguns segundos, olhando-me como se visse uma assombração, ele parecia estar voltando ao normal.
— Não, você não me machucou, eu só fiquei um pouco aéreo. Como você se chama? — perguntou ele, sorrindo ternamente.
— Eu me chamo Isabela. O senhor está mesmo bem? — ele confirmou com a cabeça — Então eu vou indo, mais uma vez me desculpe — eu já estava saindo quando ele agarrou o meu braço.
— Na verdade, se não for pedir muito você poderia me ajudar a chegar ao camarote? É que meus joelhos estão muito fracos. — pediu, parecia envergonhado.
— Tudo bem, eu ajudo sim. — falei, segurando seu braço.
— Então, você mora aqui na cidade, Isabela?
— Sim, moro aqui desde que nasci, e o senhor mora onde? E qual seu nome?
— Meu nome é Josias, eu moro em São Paulo. É por ali — apontou, indicando o caminho à esquerda e seguimos conversando. Ele era bastante simpático.
— Aqui, chegamos — mostrei a escada que levava aos camarotes.
— Muito obrigado, boa menina. Você quer subir para apreciar os shows mais de perto?
— Não, muito obrigada! Eu vou continuar procurando minha amiga — recusei e afastei-me dele, na verdade, esse interesse e excesso de simpatia já estavam me deixando desconfiada das suas intenções.
— Talvez ela esteja lá em cima, você pode dar uma olhada se quiser.
— Não, ela não está. Nós não temos entrada para camarote, então eu vou indo. Melhoras para o seu joelho, senhor Josias — despedi-me e saí caminhando a passos para longe.
Minutos depois recebi a ligação de Luigi, avisando que encontrou Ana.