Pamela

Três dias. Três dias inteiros desde que a Isabela foi levada pra UTI neonatal, e parece que o tempo parou. O hospital é frio, tem aquele cheiro de álcool que nunca sai do nariz, e eu já decorei cada barulhinho das máquinas, cada passo das enfermeiras, cada vez que o carrinho de medicação passa pela porta.

A Isabela tá bem, é o que todos dizem. “Ela está reagindo”, “os pulmõezinhos estão amadurecendo”, “logo vai respirar sozinha”. Essas frases viraram minha oração diária. Mas o “logo” deles parece uma eternidade pra mim. Eu não aguento mais olhar praquela incubadora e ver ela tão pequena, com os bracinhos cheios de fios, o peitinho subindo e descendo com a ajuda da máquina.

Hoje eu acordei antes do sol nascer. Olhei pro relógio: 5h12. Caleb ainda dormia numa poltrona improvisada, com a cabeça caída pro lado e o rosto cansado. Ele tem tentado ser forte, mas eu sei que ele tá destruído por dentro, tanto quanto eu. Às vezes ele segura minha mão e finge que tá tudo bem, mas o olhar