— Você chegou... — murmurou, com a voz rouca de sono.
Caleb
O relógio da parede marcava quase quatro da manhã, e eu ainda estava sentado naquela poltrona dura da sala de espera do hospital. A cabeça latejava, o corpo pesava, e a alma parecia ter envelhecido uns dez anos num único dia. Eu não lembrava qual foi a última vez que tinha comido direito — o café frio e o sanduíche murcho da cantina ainda estavam atravessados no estômago.
O médico já tinha vindo conversar comigo e com a minha mãe. Disse que meu pai estava estável, fora de perigo, mas ainda inconsciente. O coração tinha sido muito exigido, e agora o corpo estava tentando se recuperar. Era uma notícia boa, mas ainda assim, o vazio no peito não diminuía.
Minha mãe se recusava a ir embora. Ficou sentada ao lado do leito dele, segurando a mão do meu pai como se aquilo fosse mantê-lo preso à vida. Eu tentei convencê-la a descansar, mas ela me olhou com aquele olhar que não deixava espaço pra discussão.
— Vai pra casa, Caleb. — A voz dela saiu baixa, cansada, mas firme. — Eu fico aqui.