Clarissa
Eu sempre soube que, pra sobreviver nesse mundo, eu precisaria jogar sujo. Ninguém nunca me deu nada de graça. Enquanto algumas mulheres nasciam em berço de ouro, outras carregavam sobrenomes pesados, ou ainda tinham a sorte de cair nas graças de algum milionário por acaso, eu precisei aprender a morder cada pedaço do que queria. E, sim, às vezes, morder significava arrancar com sangue.
Agora, sentada diante do espelho, olhando minha própria imagem refletida com aquela mistura de expectativa e nervosismo, eu não consigo deixar de rir. Quem diria que Clarissa, aquela que passou noites em claro sonhando em roubar o lugar de Pamela ao lado do Caleb, acabaria... noiva de um velho rico?
Sim, um velho.
Não vou florear, porque eu não sou dessas que vivem de ilusões. Ele não é o tipo de homem que arranca suspiros numa sala. Não é lindo, não é jovem, não é o Caleb. Mas também não é um monstro. É um homem que já passou dos sessenta, com cabelos grisalhos bem penteados, pele marcada pel