Caleb
Acordei sentado naquelas poltronas horríveis do hospital, com o pescoço travado e a alma pior ainda. A noite tinha sido longa, e o barulho das máquinas, dos passos, dos sussurros dos enfermeiros, tudo parecia ecoar dentro da minha cabeça como um lembrete constante: minha filha estava lutando pra respirar.
Isabela.
Meu Deus, só de pensar no nome dela, o peito já doía.
Pamela ainda dormia. Estava pálida, cansada, com a respiração lenta e o soro pendurado ao lado. Eu olhei pra ela por um tempo, tentando me convencer de que tudo ia ficar bem. Que ela ia acordar, sorrir, e que logo a gente ia ter nossos dois filhos nos braços, saudáveis, em casa. Mas não dava pra enganar o próprio coração.
Levantei devagar, fui até a janela e fiquei encarando o sol nascendo por trás do prédio do hospital. Aquele céu alaranjado, bonito, parecia uma piada de mau gosto. Como podia o mundo continuar, se o meu parecia ter parado ali dentro?
Eu estava tão perdido nos meus pensamentos que nem ouvi a porta a