Pamela
O som do motor era o único ruído dentro do carro. O vento entrava pela fresta da janela, bagunçando meu cabelo, mas eu nem me importava. Eu só olhava pra estrada, tentando entender o que diabos tava acontecendo com a minha vida. Caleb segurava o volante com força, concentrado, e às vezes olhava de canto pra mim. Dava pra ver que ele tava tentando manter o controle, mas o silêncio entre nós pesava.
Eu encostei a testa no vidro frio da janela, sentindo o mundo passar rápido demais lá fora. A praia ainda tava longe, e eu já tava cansada antes mesmo de chegar. Me sentia vazia, quebrada. Por dentro, uma confusão danada — medo, raiva, tristeza, tudo misturado.
O médico tinha sido claro: “Podem ir, mas só dois dias. E nada de viagens longas.” Eu ri sem graça quando ele disse isso. Dois dias pra esquecer que tem um tumor crescendo dentro de mim. Dois dias pra fingir que minha vida ainda é normal.
Caleb tentou puxar conversa umas três vezes, mas eu só respondia com “uhum” ou “tá bom”. E