Pamela

O sol estava morno, aquele tipo de calor que não sufoca, só encosta na pele e dá uma sensação boa. O vento vinha do mar, com cheiro de sal e liberdade, e por um instante eu consegui respirar fundo sem sentir o peso que vinha me apertando nos últimos dias. Eu olhava o horizonte e tentava convencer meu coração de que estava tudo bem, mesmo sabendo que não estava.

Caleb caminhava ao meu lado, descalço, com a calça dobrada até o joelho. Às vezes ele olhava pra mim, com aquele olhar que misturava preocupação e amor. O tipo de olhar que fala tudo sem precisar dizer nada.

— Tá gostando de estar aqui? — ele perguntou, chutando um pouco de areia.

— Tô — respondi, tentando sorrir. — Faz tempo que eu não sinto o mar.

Ele assentiu e segurou minha mão. A dele era grande e quente, e só aquele toque já me deixava um pouco mais segura. Mas ainda assim, o medo estava ali, escondido no fundo do peito.

Andamos um tempo em silêncio. Eu observava as gaivotas voando, as crianças brincando perto da á