Caleb
Saímos do prédio já tarde, depois de um dia cheio. O ar noturno de São Paulo estava carregado de buzinas e cheiros misturados: gasolina, fumaça e aquele aroma distante de comida de rua. Eu precisava disso — um pouco de distração. Renato insistiu para irmos beber em um bar que ele conhecia perto do Itaim.
— Vamos comemorar o meu retorno, Caleb. — Ele sorriu, ajeitando o paletó antes de entrar no carro. — E você vai me contar tudo que perdi enquanto estive fora.
Concordei. Era o mínimo. Ele era um dos sócios mais antigos, um homem inteligente e astuto, que sabia tudo sobre o mercado e tinha sempre uma carta na manga.
Chegamos em um bar sofisticado, luz baixa, mesas de madeira escura e garrafas enfileiradas atrás do balcão. O lugar estava cheio, mas ainda tinha aquela aura intimista que eu gostava. Pedimos uísque logo de cara. Renato brindou levantando o copo:
— Ao meu retorno, ao sucesso da viagem e… — ele me olhou com aquele ar de quem sempre sabe mais do que aparenta — ao fato d