Caleb— Eu esperava mais de você, Caleb.A voz do meu pai cortou o ar como uma faca. Seca. Firme. Cheia de decepção.Eu estava sentado à frente da grande mesa de carvalho no escritório da mansão Belmont. Aquele lugar sempre me pareceu frio, mesmo com a lareira acesa. Mas hoje, o que gelava mesmo era o olhar dele. Bernardo Belmont. Meu pai. Meu modelo. E, naquele momento, meu maior acusador.— Você é um irresponsável! — ele continuou, andando de um lado para o outro como um touro bravo. — Eu coloquei minha confiança em você. Achei que o casamento com a Pamela te faria crescer, te tornaria mais maduro, mais... humano! Mas olha só pra onde você nos levou!Não falei nada. Só continuei ali, quieto, olhando para o chão.— Está em todos os sites! TV, jornais, redes sociais. Caleb Belmont, o CEO que sai de uma balada carregando a sua mulher bêbada! Isso é o que você quer ser? Um moleque mimado? Um playboyzinho que só pensa no próprio prazer?Ele me olhou nos olhos, a voz tremendo de raiva.—
PamelaEu estava com a cabeça cheia.Sabe quando você sente que precisa desligar do mundo antes que ele te engula de vez?Era exatamente assim que eu me sentia naquele final de tarde. Já fazia algum tempo que Caleb havia sumido pela mansão. Não o vi durante o almoço. Nem depois. Nada. Nem um rastro daquele homem que costumava encher a casa com suas passadas firmes e aquele perfume ridículo de tão bom.Talvez tivesse ido trabalhar… ou se esconder de mim. Vai saber.Depois de chamar por ele pelo corredor e ouvir apenas o eco da minha própria voz (um pouco dramático, mas verdadeiro), decidi ir até o nosso quarto. O "nosso quarto". Que conceito estranho.Empurrei a porta e olhei ao redor. Tudo no lugar. Nenhum sinal de Caleb. Chamei, mesmo sabendo que ele não estava:— Caleb? Tá aí?Nada. Só o silêncio e a minha vergonha por estar falando com o vazio.— Ótimo — murmurei. — Melhor assim.Era minha chance. Eu estava louca pra experimentar aquela banheira dos sonhos que mais parecia uma pisc
Caleb O jantar havia sido, no mínimo… constrangedor.Minha mãe, como sempre, estava animada demais, falando alto, elogiando a comida como se aquilo fosse um banquete de casamento real. Meu pai manteve o olhar sério o tempo todo, como se apenas tolerasse minha presença por educação. E Pamela… bem, Pamela estava linda demais. E cada vez mais distante de mim.Ela sorriu, respondeu às perguntas da minha mãe, fez elogios ao vinho e à sobremesa, mas não me olhou uma única vez. E quando o fez, foi aquele tipo de olhar que não deixa dúvidas: você está incomodando.Eu queria encurtar o jantar só pra poder falar com ela, tentar resolver as coisas. Mas parecia que, quanto mais eu tentava me aproximar, mais ela construía uma muralha entre nós.Depois do jantar, subimos juntos para o quarto. Em silêncio.Pela primeira vez, reparei com mais atenção naquele quarto enorme. As janelas altas com cortinas de linho, o chão de madeira escura brilhando com a luz do lustre, e a cama, grande o suficiente pa
PamelaEu estava deitada na cama, a luz suave do luar entrando pela janela, iluminando parcialmente o quarto. O ar estava quente, mas reconfortante. Caleb estava ao meu lado, seu corpo perto do meu, e eu podia sentir a tensão no ar, como se fosse algo prestes a acontecer. Ele passou a mão suavemente pelo meu ombro, um toque delicado, mas carregado de algo que eu não conseguia definir exatamente.Ele inclinou-se para perto de mim, e, antes que eu pudesse fazer algo, seus lábios encontraram os meus. O beijo começou calmo, mas logo os nossos corpos pareciam se comunicar de uma forma silenciosa, como se ambos estivessem em sintonia. Cada movimento seu, cada respiração, me deixava mais e mais envolvida, como se eu estivesse sendo levada para um lugar que eu não sabia se queria, ou se tinha medo de querer.Eu retribuí o beijo com a mesma intensidade, com uma necessidade crescente de sentir mais. Meus lábios se moldaram aos dele com mais urgência, e foi como se o mundo lá fora desaparecesse,
CalebO envelope estava em cima da minha mesa como se tivesse vida própria. Branco, comum, mas pesado como uma pedra no meu estômago. O logo discreto do laboratório no canto superior esquerdo era a única pista do que havia ali dentro: a verdade. A resposta para uma pergunta que vinha corroendo meus pensamentos há semanas.Eu respirei fundo, o coração batendo alto demais no silêncio do meu escritório. Estava sozinho ali, atrás da mesa, com as persianas parcialmente fechadas e o peso do mundo nos ombros. O relógio da parede fazia tique-taques irritantes. Minha mão tremia. Eu nunca fui de ter medo de um pedaço de papel, mas aquele... aquele podia mudar tudo.Peguei o interfone e disquei.—Pamela entra — pedi à ,minha esosa/secretaria gostosa, tentando soar calmo. Mas a voz saiu arranhada, carregada demais.Segundos depois, ouvi a porta se abrir, e ela entrou com o salto firme no piso de mármore. Vestia aquele vestido preto justo, simples, mas que nela parecia obra de arte.— Pois não, se
CalebEla ainda estava perto. O gosto dos lábios dela ainda estava nos meus. O perfume ainda pairava no ar entre nós. Eu podia jurar que, se estendesse a mão, tocaria de novo aquele momento... mas Pamela deu um passo para trás.— Caleb, é melhor eu voltar a trabalhar. — A voz dela saiu baixa, firme, mas com uma rachadura que só quem ama reconhece.Meu peito apertou.— Por favor, Pamela... não vai.Ela virou de costas, os ombros tensos.— Por favor, Caleb, me deixa em paz. Por favor.Minha garganta travou. Mas eu não podia deixá-la sair assim. Não depois do que senti naquele beijo. Não depois do que carreguei calado por tanto tempo.— Pamela, eu tô apaixonado por você.Ela congelou no meio do caminho. E então se virou devagar. O olhar dela encontrou o meu com uma mistura de choque e descrença.— O quê?— Você me deixa louco — continuei, dando um passo na direção dela. — Completamente louco. E nem percebe que eu te amo.Ela piscou algumas vezes, como se tentasse assimilar. O tempo parou
CalebO pescoço dela cheirava a sabonete e desejo. Um cheiro limpo, quente, misturado com o vapor da banheira e a tensão que pairava entre nós desde o escritório. Encostei os lábios ali de novo, dessa vez com mais calma. Ela fechou os olhos, e senti o arrepio correndo pelo corpo dela.— Caleb... — sussurrou, quase sem força.— Eu tô aqui. — Minha voz saiu grave, baixa, quase como um sussurro em resposta ao dela.Meu nariz deslizou até a curva do ombro, enquanto minha mão subia devagar pela coxa dela debaixo d’água. Ela não me impediu. Ficou ali, respirando fundo, como se quisesse se entregar, mas ainda lutando com alguma coisa dentro dela.— Você é linda demais — murmurei contra sua pele. — Eu poderia passar horas só aqui... te sentindo.Ela virou o rosto, lentamente, até nossas bocas quase se tocarem. E, como se o mundo todo estivesse em silêncio, ela finalmente cedeu. Nossos lábios se encontraram, e o beijo foi calmo no começo, cheio de intenção. Um beijo de quem já se machucou ante
CalebO quarto ainda estava com aquele cheiro de sabonete misturado com o perfume da pele molhada da Pamela. A luz suave do abajur deixava tudo mais íntimo, quase como se o mundo lá fora não existisse. Fechei a porta devagar, e quando me virei, ela já estava deitada entre os lençóis brancos, os cabelos úmidos espalhados pelo travesseiro, os olhos me observando com algo entre expectativa e incerteza.Me aproximei devagar, como se aquele momento merecesse reverência. Pamela parecia uma miragem — pele quente, respiração calma, mas olhos intensos. Subi na cama e me deitei ao lado dela, passando a ponta dos dedos por seu braço, depois pelo contorno dos seus seios que ainda estavam parcialmente cobertos pelo lençol.— Você é linda demais — sussurrei, mais pra mim do que pra ela.Ela mordeu o canto dos lábios e fechou os olhos quando minha mão deslizou até sua cintura. Me aproximei mais, sentindo o calor do corpo dela colar no meu. Nossos rostos estavam próximos o suficiente pra eu sentir o