Mãe de Anália
Observo pela janela, como quem assiste a uma vida que já não me pertence. Lá embaixo, Analia sorri, tão cheia de luz, com o filho nos braços, meu neto. Meu sangue. O filho dela com o Alfa. Um novo ciclo que eu deveria fazer parte — mas ainda não consigo.
Minhas mãos tremem. Aperto a cortina, como se ela pudesse me manter em pé. Às vezes acho que só estou viva porque Jürgen quis me salvar. Porque ele me forçou a aceitar o que eu lutei a vida inteira para negar.
Uma sucubus.
Me odeio por isso. Me odeio por tudo.
Meu nome é Leocádia, mas quase ninguém me chama assim. "Lea", ele dizia... quando ainda havia amor, quando a fome não havia devorado nossa relação. Eu me lembro do carinho, do toque... da forma como ele dizia meu nome como quem confia. Como quem pertence. E depois, o silêncio. O abandono. A dor de não poder alimentar-se do homem que amava. A dor de saber que, pra sobreviver, teria que se alimentar de outros. E foi isso que me mato.u por dentro.
Abandonei Analia por