Jürgen, também chamado de Nino
Eu me lembro com exatidão do som da risada dela. Era leve, quase infantil, como se cada gargalhada limpasse o mundo ao meu redor. Ela entrava nos cômodos como a luz invade uma sala escura — silenciosa, mas impossível de ignorar. E eu, Jürgen, que alguns chamavam de Nino apenas por afeto, me sentia inteiro sempre que ela estava por perto.
Ela era linda. Não só na aparência — embora isso também fosse verdade. Era linda na maneira como me olhava, como segurava minha mão como se o mundo fosse um lugar seguro. Cada manhã ao lado dela era uma bênção, cada beijo uma promessa muda de que aquilo podia durar para sempre.
E por um tempo, eu acreditei que duraria.
Eu não sabia o que ela era. Para mim, era apenas minha mulher. Meu amor. A mãe da nossa filha que ainda crescia em seu ventre. Mas havia dias em que ela se recolhia em silêncio, em que os olhos perdiam o brilho e a pele empalidecia como se uma força invisível a estivesse drenando. Eu perguntava, ela sorria