Filipe...
Nos dias que se passaram após aquele incidente, as palavras de Cecília ainda ecoavam em minha mente, causando desagradáveis noites insones, nas quais questionava-me a respeito dos fatos que ocorriam em minha vida, as vozes, as crises, eram situações que me deixavam confuso quanto ao que podia ser fantasias da minha mente, e pior, sequer podiam ser explicados pela espiritualidade.
Mas se eram coisas da minha cabeça, então porque sentia-me assim?
Eu não queria contar sobre aquela situação aos meus pais, muito menos aos meus padrinhos, mas logo percebi que estava fora da minha capacidade de escolha, então, depois de alguma relutância, fui arrastado para a sala de estar onde todos esperavam sentados ao redor da mesinha ovalada. E novamente eu era o centro das atenções, mas não estava gostando nenhum pouco disso.
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Depois daquelas revelações bruscas, marquei a próxima consulta com a psicoterapeuta e tentei retomar meus estudos com mais afinco, focando em algo concreto antes que começasse a confundir a realidade novamente, imaginando que seria apenas o que faltava para me enlouquecer de verdade caso precisasse lidar além do processo de abstinência, com uma doença psiquiátrica.A expressão de surpresa no rosto da terapeuta quando contei toda a história era impagável, ela parecia prestes a pedir uma pausa em meio a aquele louco imbricamento de situações dramáticas que mais parecia uma novela mexicana, isto porque eu sequer havia contado as partes mais tendenciosas, omitindo o fato de que boa parte da minha família via espíritos.Ela concordava com os meus pais, julgando que havia uma possibilidade de ter ouvido aquelas histórias que par
– Cecília, eu preciso sair por alguns minutos! Exclamei tropeçando nas palavras, tentando não a assustar muito, mas estava realmente difícil no meu estado de nervosismo, e praticamente fugi sem responder suas perguntas.Enquanto caminhávamos pelas ruas, um flashback de tudo o que aconteceu na noite em que nos drogamos juntos passou pela minha mente, lembrei-me de Alice sentada em meu colo, mas o resto era apenas um borrão negro até o momento em que machuquei o pé na mesinha algum tempo antes de presenciar o tiroteio.Ralf agarrou o meu braço, arrastando-me rumo a uma clínica a primeira clinica que apareceu a sua frente, sequer sabíamos se era especializada em fazer exames para vírus contagiosos, ou os devidos procedimentos caso estivéssemos infectados.Assim que entramos, fizemos as fichas para aumentar o meu desespero, não havia exames marcados para aqu
Sarah...Pensei muito sobre a vida enquanto Filipe estava internado no hospital, foram quase dois meses em coma induzido que mais pareceram uma eternidade, Karen chorava baixinho debruçada sobre seu leito todos os dias, e variadas memórias me vinham à mente sempre que a via assim, lembrei de quando eu mesma achei que perderia a vida e de alguma forma me senti mais próxima do meu afiliado, agora tínhamos isso em comum.Felizmente não havia mais risco de vida, porém, ele acabou perdendo os exames para vestibular, não havia muito o que fazer em seu caso, mas consegui convencer Cecília a fazer, ela ainda estava angustiada por causa do seu estado, mas conseguiu até uma pontuação razoável e poderia iniciar a graduação no semestre seguinte.Seu sonho de tornar-se uma detetive ainda estava em curso, mas sugerimos que tentasse estudar as duas áreas pois,
Os últimos raios solares despontavam no horizonte, lentamente, dando lugar a escuridão da noite que trazia consigo meus maiores temores. Respirei fundo enquanto minha mão empurrava a pesada porta de mogno, antiga e imponente como tudo naquela grande casa, e a vi abrindo com um rangido tão sombrio que arrepiou todos os pelos dos meus braços, aquele lugar era naturalmente assustador devido ao clima pesado em volta dele. Tranquei a porta, acendi as luzes florescentes, e caminhei lentamente pelos corredores que rangiam a cada passo incert
Gritei de puro horror e comecei a me arrastar pelo chão para longe daquela coisa, tateei o chão, procurando o maldito celular que caiu com a tela virada para baixo e mal iluminava um palmo a minha frente de onde estava caído. Todos os meus pelos se arrepiavam por causa do medo, nem se quer cogitei a ideia de aquele espectro ser fruto da minha imaginação pois, sua presença era tão densa que chegava a quase ser palpável.A silhueta sombria se aproximou, erguendo a mão longa e deformada em direção ao meu rosto, deixando-me ainda mais desesperada, não esperei seu toque e cambaleando, corri em dire&cced
Os dois dias em que fiquei internada no hospital passaram lentamente, tomando soro e dormindo a maior parte do tempo, captando algumas informações nos momentos de consciência. Acordei na manhã do terceiro dia, ainda meio grogue e bocejei, sentando na cama. Quando meus sentidos retornaram, notei que minha mãe estava de pé aparentemente me esperando acordar, em uma de suas mãos havia uma bolsa de cor acinzentada que parecia ter roupas dentro, e me fitava com anima&cce
No dia seguinte, depois de uma noite em claro repleta de dores e pesadelos com cenas do ataque, acordei com o barulho estridente do celular alarmando, tateei o criado mudo procurando-o e ao encontra-lo, esfreguei os olhos tentando enxergar o horário, ainda um tanto sonolenta. Estava confusa por causa dos medicamentos, mas ao perceber que passava das 7h, levantei-me em um salto, quase gritando de dor pelo esforço repentino em minhas costelas fraturadas.Apesar de tecnicamente ainda estar em período de repouso com atestado até a segunda-feira, depois de muito implorar aos meus pais que permitissem a minha volta as aulas, finalmente deixei um pouco o repouso e tentei retomar a minha vida dentr
Planejamos sair cedo na manhã do sábado, assim poderíamos aproveitar boa porte do dia, porém, uma série de contratempos fez com que conseguíssemos sair apenas depois do almoço e precisaríamos ficar para dormir, não perderíamos aula na segunda-feira. Fiz uma pequena mala com uma muda de roupas para o caso de uma pequena emergência, coloquei medicamentos e alguns produtos de higiene e sai do quarto, encontrando meus pais de pé na sala fitando-me com seriedade. – No máximo uma cerveja para não cortar o efeito dos remédios! Meu pai começou, sua voz engrossando em alguns tons. – A dona da pousada foi avisada sobre isso...