Sérgio demorou um instante a recuperar o controle depois do quase beijo. O som da porta batendo ainda ecoava em sua mente, como se tivesse sido um aviso ou um lembrete cruel de que não havia espaço para se deixar levar. O olhar frio de Olivia, atravessando a cena como uma lâmina, não saía da sua cabeça. Não era coincidência. Ele conhecia bem demais aquele jeito calculista de surgir exatamente no momento em que podia ferir mais. Estar ali, na mesma loja, não era acaso: era provocação.
Respirando fundo, Sérgio tentou fingir normalidade, mas o aperto em seu peito não aliviava. A tensão fazia seus ombros parecerem pesados como pedra. Ainda assim, forçou um sorriso, pousando levemente a mão sobre o ombro de Abigail. O toque era delicado, mas carregado de urgência.
— Acho que já vimos tudo o que precisávamos aqui — disse, a voz firme demais para soar natural. — Vamos voltar?
Abigail franziu o cenho, surpresa com a pressa repentina. Seus dedos ainda seguravam uma pulseira de miçangas que exa