O quarto estava mergulhado na luz suave da tarde quando Matheus entrou mais uma vez. O cheiro característico do hospital — uma mistura de desinfetante, flores envelhecidas em um vaso no canto e o ar frio do ar-condicionado — não parecia mais incomodá-lo. Ele já havia se acostumado àquele ambiente, como se fosse parte do cenário que cercava a amiga.
Abigail estava deitada, com os cabelos soltos espalhados pelo travesseiro, os olhos vagos fixos na janela. Quando ouviu a porta se abrir, virou o rosto devagar, e um sorriso tímido apareceu, quase imperceptível, mas suficiente para aquecer Matheus.
Matheus entrou com o mesmo sorriso de sempre, carregando consigo não só a energia leve que tentava trazer, mas também a paciência de quem sabia que cada minuto ali era delicado.
— Oi, estranha. — Ele se aproximou, puxando uma cadeira para sentar ao lado da cama. — Pronta para mais uma sessão de “memórias com Matheus”?
Ela soltou um riso breve.
— Eu não sei se estou pronta, mas sei que você não va