Eu, porém, não estava inclinado à punição imediata. Tirei a mão da mesa e peguei o telefone que tinha deixado ali. Segurei-o por um momento, pesando possibilidades. Os olhos dela pediam qualquer coisa entre vingança e misericórdia. Eu decidi por algo que misturava os dois.
Entreguei-lhe o telefone.
— Ligue para a sua mãe — falei. — Diga apenas que está bem.
Ela ergueu a cabeça, surpresa, como se eu tivesse esquecido qual era o papel que costumava cumprir. Havia um cálculo nisso: eu podia ceder sem parecer fraco, sem criar precedente. Dar o aparelho não anulava autoridade, era um teste de submissão. Se ela gritasse, se pedisse ajuda ou contasse algo que eu não desejava, eu poderia sempre reorganizar o espetáculo.
Caliana apertou o telefone como se segurasse uma corda para sair do abismo. O polegar trêmulo digitou os n&uacu