Ela entrou. Caliana tinha os olhos de quem não dormira, as olheiras visíveis. Mesmo parada, ocupava o ar como um pássaro que ainda não descobriu que as asas foram cortadas bem rente.
Enfim, Derringer me procurou. Eu devia me alegrar que foi por vontade própria?
— Você veio cedo. — Observei.
— Eu vim porque não dormi. — disse firme, sem tremer. — E porque você disse que amanhã… — ela engoliu o resto como quem engole veneno.
— Derringer, se você dormiu ou não... estamos no “amanhã” que mencionei ontem.
Ela não sentou. Ficou me olhando demoradamente.
— Fale. — Incentivei.
Ela respirou fundo, como quem assumia o próprio peso. O olhar não fugiu do meu. Havia ali aquela teimosia que me interessava e me exigia atenção ao mesmo tempo.
— O que e