Narrado por Giovani Ferreti
Inferno.
Essa foi a palavra que ela usou. O inferno.
Antonella, com os olhos marejados e a voz firme, me encarava como se cada letra que saísse da sua boca fosse uma sentença. Uma execução pública.
— Porque... eu jamais roubaria a felicidade da minha irmã. Você era o inferno pra mim... mas era o céu dela.
Fiquei parado. Imóvel.
Meu nome na boca dela sempre me soou como redenção, mas agora... parecia maldição.
Inferno.
As palavras dela me cortavam com a precisão de uma navalha.
E ainda assim, ela estava ali. Linda. Quebrada. Ardente.
Minha Antonella.
Minha?
Fechei os olhos por um segundo, e as lembranças me invadiram com uma força animalesca.
Ela na estufa, rindo com as mãos sujas de terra, enquanto jurava nunca me deixar. Ela deitada sobre as flores, dizendo que o mundo poderia desabar se eu estivesse com ela. O gosto da sua boca quando me dizia que me amava como se estivesse amaldiçoada. A forma como se entregava com a alma, com o corpo, com aquele olhar d