Narrado por Giovani Ferreti
Durante as reuniões com Pablo Bellini, nossos olhares se cruzavam mais vezes do que qualquer palavra que trocávamos. Os olhos dele carregavam perguntas, os meus, sede por respostas. Em silêncio, ponderávamos os mesmos fantasmas, mas por ângulos diferentes.
Eu me perguntava: teria sido o meu pai o mandante daqueles sequestros?
Ele se perguntava: o que a minha filha está escondendo?
Entre nós dois, havia dúvidas faiscando como lâminas sob a luz. As palavras não ditas de Antonella ecoavam. Havia algo em seu silêncio que me feria mais do que qualquer verdade brutal. Era como se ela carregasse um segredo que não conseguia me entregar.
Enquanto os negócios se ampliavam — de Seattle a San Marino —, eu precisava manter o controle. Cada passo era vigiado. Cada novo contato, uma possível armadilha.
Na madrugada de quinta, fui informado que a minha mãe havia saído. Sem aviso, sem rota, sem rastro. Desconfiei, claro. Mas quando fui atrás, já era tarde. A cidade a engol