Narrado por Antonella Bellini:

O calor do início da tarde pesava sobre meus ombros enquanto eu atravessava a rua de pedras em direção ao comércio. O suor escorria pela minha nuca, mas o frio era por dentro. Meus olhos varriam cada canto, cada cliente, cada vitrine. Nada. Nenhum sinal da Serena.

Chamei seu nome algumas vezes, andando rápido entre os corredores apertados da feirinha coberta, perguntando a quem cruzava comigo. Todos negavam. Ninguém sabia. Ninguém viu. E o aperto no meu peito crescia como um soco que não cedia, que se repetia, me deixando sem ar.

— Serena? — chamei de novo, mas minha voz saiu trêmula, embargada.

Saí dali sem pensar. Minhas pernas me levaram pra casa como se eu flutuasse, tropeçando nos degraus da varanda, quase sem fôlego.

— Mãe?! — gritei, o coração disparado. — Mãe, a Serena... ela não tá no comércio, ela sumiu! Eu procurei em tudo quanto é canto!

Minha madre surgiu na porta da cozinha, secando as mãos no avental com aquele ar de mãe que já pressente a