Narrado por Giovani Ferreti
O dia começara cedo, como todos os outros. Nos negócios, o luxo do repouso era um capricho para os fracos — e eu já tinha sido fraco demais uma vez. Nunca mais.
Ignorei os soluços atrás da porta do meu quarto. Scarllet estava lá, ajoelhada, implorando. Eu ouvia o som abafado da voz embargada, os punhos frágeis batendo na madeira maciça. Palavras de amor, promessas de devoção. Tudo isso era veneno doce — e eu tinha antídoto suficiente no sangue.
Abri a porta sem olhar para ela. O corredor se alongava em silêncio, quebrado apenas pela presença dela, ali no chão como uma santa caída do altar. Os olhos marejados de Scarllet me seguiram, mas eu não disse nada. Não parei. E ela sabia o motivo: o amor nunca foi moeda forte entre os Ferreti.
Desci as escadas com a calma de quem manda em um império. Na cozinha, meu café já me esperava: preto, sem açúcar, quente. Tomei em goles curtos, observando os primeiros raios do sol entrarem pelas janelas da mansão como dedos c