Narração por Giovani Ferreti
Antonella sempre me pareceu... indomável. Talvez por isso eu a deseje tanto. Há nela algo que não posso tocar sem queimar os dedos. Uma presença que me desconcerta, mesmo quando tudo em mim pede controle.
Voltávamos de Ravello, o céu ainda tingido de laranja no horizonte, e ela estava sentada ao meu lado, de braços cruzados, com os olhos cravados no para-brisa como se o mundo lá fora fosse mais digno da atenção dela do que eu.
E então ela falou. Com aquele tom que mistura fogo e frieza. Desafiador. Cruel e honesto.
— Não sou seu território e nunca serei, Giovani.
— Confesso que até tive esperança que a sua chegada trouxesse glória à famiglia,
— mas vejo que me enganei.
— Pois ao invés de estar aproveitando um amor e um território que já é seu,
— está insistindo em possuir o que nunca terá.
Fiquei em silêncio por um instante. O motor do carro ainda ligado, o ar-condicionado suave cortando o calor do dia. Olhei para ela. Para o rosto que parecia esculpido em