NARRADO POR GIOVANI FERRETI

O sangue escorria pela lateral da minha barriga.

Morno. Denso. Cada gota uma lembrança: da guerra que eu sempre soube que voltaria pra mim.

Três dias em fuga.

Sem nome. Sem rosto, eram russos, eram meus homens, eram desconhecidos.

Como um cão marcado para morrer, uma espécie pronta para ser extinta.

O meu império virou ruínas.

E no meio da noite, no frio de San Marino, me escondi entre pedras e escuridão, para ver com os próprios olhos a podridão que me cercava, ali dentro da minha própria mansão, ela estava ali.

A minha mãe.

Irina Ferreti.

De pé, impecável sob os seus saltos vermelho, como sempre, cabelos loiro presos, batom escarlate, vestido vermelho, envolta em um sobretudo preto e com aquele olhar que esconde lâminas.

Cercada por homens de terno — russos, italianos, fossem meus, ou dos Bellini.

Vi um deles cumprimentá-la com um beijo na mão.

Ela sorriu com o gesto, três famílias se curvavam para era.

— Quero Giovani morto.— A frase saiu da boca dela co