Peguei na mão dela e comecei a andar. Ela não resistiu. O toque dela na minha pele reacendeu tudo o que eu estava tentando enterrar há semanas. Era como sentir minha casa de novo, mesmo que eu soubesse que já tinha sido despejada há muito tempo.

Caminhei com ela pelos corredores da casa, desviando das pessoas, empurrando quem tentava barrar. Levei direto pra parte de cima, pra um dos banheiros afastados. Entrei com ela e tranquei a porta atrás.

Ela se sentou na beirada da pia, e eu fui direto para os armários. As mãos trêmulas, a respiração acelerada, o estômago revirando. Tudo dentro de mim gritava. Eu queria gritar também. Queria segurá-la, abraçá-la, protegê-la do mundo e de mim mesma.

Peguei algodão, álcool, gaze, tudo o que achei. Voltei até ela.

— Isso vai arder — falei baixo, tentando manter a voz firme. Mas até eu sabia que estava falhando.

— Não me importo — ela sussurrou.

Aquela resposta me doeu. Doeu em lugares que eu nem sabia que existiam.

Limpei a ferida devagar, soprand